segunda-feira, 3 de novembro de 2014

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Animal do bem e o tal


Animal do bem e o tal
(André Anlub - 28/05/13)

São animais indiscretos e contemplativos,
Na mansidão imaginária e cada vez mais.

No hipotético paraíso na zona de conforto
Vão chegando, vão vivendo outros desafios,
Pés que não cansam de andar fora dos trilhos.

Vê-se os trilhos do bonde
No pé das frutas do conde,
No entorno do misto dos milhos
Com as doces e tortas espigas
Do conde de monte cristo.

Na ré do trépido bonde,
Tudo trepida e o vinho vai longe...
Entorna, esguicha e mancha
A roupa de linho da moça
Que o pranto fez poça (a olhos vistos).

São animais de cegos charmes
E quase sempre atrapalhados,
Na obsessão que alguém os agarre
Salvando-os do fortuito afogamento
Dos salgados e amargos mares.

São animais como nós,
Com nós nas vis ventas;
Que inventam o ar atroz
Logo após se lamentam.

sábado, 18 de outubro de 2014

OS QUERUBINS


O artista canta, o artista toca,
eu apenas ouço
arrebatado, enfeitiçado,
fascinado pelos sons miraculosos.
Quem canta, vive mais perto de Deus,
e eu, mero homenzinho, fecho os olhos,
deixo que invadam meu coração
essas sublimes melodias desses querubins sublimes.


Baro da Mata

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Apenas Mucosa Sedenta



Apenas Mucosa Sedenta

Alguém pode passar a vida
a sonhar recompensa
uma fuga desse sufoco
mas, talvez fosse pouco

Num Lácio de língua imensa
passou suculenta lambida
não foi tal toque de Midas
apenas mucosa sedenta

Quisera ter fama de louco
idiota ou cabeça de coco
o que diz não é o que pensa
desconhece a vida bandida

Não adianta mente despida
tão tola a sonhar inocência
e riscar no mapa o esboço
risco torto ao fundo do poço

O destino não pede licença
deixa a existência sem guarida
remete a vida adormecida
a desesperança e descrença.

Wasil Sacharuk

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Super Simples


Super Simples

Quero só proferir palavras agradáveis,
Não a expondo ao risco de ouvir injustiças
Por decorrência de eu não ter o que dizer.

Quero realizar suas íntimas fantasias,
Ter e ser suas boas e más manias,
Só pelo fato de assim poder ser sua área de lazer.

Quero que possa contar sempre comigo,
Ser sua labuta e seu domingo,
Ou até ficar bem longe... É só querer.

Quero carregá-la suavemente no colo,
Poupando-a de gastar prévia energia,
Em direção ao seu quarto de prazer...

E, no entanto, mesmo que eu não seja suficiente,
Que falte sal ou que falte açúcar,
Que falte o ínfimo arrepio na nuca,
Sempre a deixarei livre para fazer o que bem entender.

André Anlub®
(16/11/12)

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Nós somos assim...


Somos o que somos, mesmo que nos enxerguem
de outras formas.
Somos seres completos do nosso jeito, e incompletos
para os outros.
Nossa formosura está além daquilo que nos enxergam..
Nossas deformidades não atingem a ninguém, e servem
de escadas para que possamos chegar ao topo...
Topo do crescimento espiritual; aquele que ninguém enxerga
mas que nos dá a certeza de que nos degraus da evolução,
nossa alma está num bom caminho!!!
Paz e luz a nós...serenidade sempre!!!!
Gaúcha_

Minha mensagem especial...

Quero agradecer o convite e o carinho do meu estimado
amigo e poeta Barão Da Mata, pela oportunidade concedida.
Sinto-me lisonjeada em poder fazer parte deste espaço,o qual
me identifico, pela sensibilidade, pelo carinho e atenção!
Resumindo:Que possamos sempre fazer do nosso dia a dia e deste
cantinho, uma eterna consagração de vida!!!!
Meu abraço sincero e amigo!!!
Gaúcha_ Liz

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Ser Quase Sábio


Ser Quase Sábio
(2/12/10)

Dos três métodos para ter sabedoria (como Confúcio dizia)
O primeiro é por reflexão, é o mais nobre...

Esse para mim não existia!

O segundo é por imitação, é bem mais fácil...

Mas digo não!

O terceiro é o meu jeito, é também o meu fardo...
É por experiência, com certeza o mais amargo.

Sabedoria não nasce em árvore, e eu com meus poemas, papéis, papiros e rabiscos, bloquinhos, lápis, problemas...
Tudo isso esquecido na imaginação de uma cena:

Um fogão a lenha queimava, era uma bela manhã; o café já pronto na mesa, o trem passava apressado e o cheiro de chá de hortelã.

Um dia começa bem cedo, apressa de uma nova jornada... A cada renovar de uma vida, portas se abrem – saídas,
Espantam a depressão, curam recentes feridas, libertam almas caídas e estendem a palma da mão.

Nelas existem as respostas para o amor de um coração...

O sim e o não da questão!

André Anlub

sábado, 12 de julho de 2014

ESSA QUE ÉS

Se fosses a mulher que eu sonhara,
te chamarias Sofia,
serias bonita e morena,
terias os olhos fugazes
velando inconfessos desejos.

Se fosses as mulher que eu temia,
te chamarias Anita,
serias dissoluta, expansiva
e abririas a casa em festa
com bêbados a cair pelo quintal.

Se fosses mulher de batalhas,
te chamarias Marina,
serias resoluta, aguerrida,
terias firmeza nos gestos,
terias coragem nos olhos.

Mas és aquela que amo
e tens tudo aquilo que quero,
que quero com o zelo infinito
e o apego febril de quem acarinha
tesouros colossais conquistados.


Barão da Mata

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Arte do inacabado


Arte do inacabado
(30/07/12)

Estão nos planos os santos de barro,
Tem sarro por debaixo dos panos.
Clamam alto para nós que somos insanos,
Na cruz em chamas vai que um dia me amarro.

Vagueando por claras crenças,
As prensas apertando o miolo.
Escuridão de densas indiferenças,
No preconceito não se reparte o bolo.

É obra-prima a arte do inacabado
Foi passado, é presente e futuro.

Se o azul é insígnia do infinito,
Onde o mito tem morada e poltrona,
Na telona vê absurdos dos filhos,
Um cochilo para diminuir a insônia.

Nada fiz, pois encarei só o que pude...
Livre arbítrio é um tiro no pé.
Tratei de lixo quem me mostrou ser rude...
E pra um suposto embuste sou feito de fé.

É obra-prima a arte do inacabado
Foi passado, é presente e futuro.

André Anlub®

sábado, 21 de junho de 2014

Gatilhos errantes

Já vai à guerra fazer o que é preciso,
Com esse brioso dom, com esse sétimo sentido,
Breve e incrivelmente leve em tal comunhão;
A sua mente, o grito grato expondo a dor
E o corpo frio que levantam do chão.

A lua untuosa ilumina o caminho,
Pés calçados na chinela velha de um guerreiro nato,
Na mão empunha a espada ao alto 
E a outra que quase esmaga
Um garrafão de vinho barato.

Hilário no seu imaginário
Com muito peixe – com muito lago
Sem vil aquário...

É pescador e nômade,
É gigante navegador,
Senhor de diamantes
Das ricas pedras sem esse valor.

Emblemática a fábula dos seres pensantes,
(no oitavo sentido)...
Bichos do mato abraçados ao calor do amor;
Flutuam como pássaros em palácios de sonhos (passam batido)
Esquivam-se dos ínvidos gatilhos errantes.

André Anlub®
(16/6/14)

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Cada gesto


Cada gesto

Em cada gesto um beijos
Em cada beijo o amor
Em cada abraço um carinho 
Em cada carinho o amor
Em cada passo a saudade
Em cada saudade o amor
Em cada poesia a rima
Em cada rima o amor
Em cada palavra a letra
em cada letra o amor
Em cada pensamento
A lembrança
Que eu só sei fala de amor

(Leda AO Franco)18/05/2014 .

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Quebradas as certezas

Quebradas as certezas

Restarão os absurdos
quando se partirem
minhas santas certezas

Abraçarei-me sozinho
embriagado de vinho
barato tinto de mesa
com manufaturados salgadinhos 
flavorizados com anilinas

Contarei tristes histórias
sobre verdades divinas
verei idiotas memórias 
num desfile de vento

meus dias não terão horas
e sequer um intento.

Wasil Sacharuk

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Aos novos namoradeiros e os de tempos idos


Dos Fetiches
(4/4/12)

E foi assim:
- Posso passar as manhãs de domingo com você?
Faço a massa de pão com alho que você adora;
Faço suco de acerola da nossa árvore do quintal.

- Pensei em assistirmos aquele filme do cachorro...
Aquele que você sempre chora!
Confesso que em mim desce a lágrima no final. 

Podemos, após o filme,
Nos beijarmos em ventania...
Mas amor faremos serenamente,
Orquestrando nova sinfonia
Na varanda sob a lua crescente.

Em seguida tomaremos um delirante banho quente,
Quiçá na Jacuzzi,
Com aromatizantes e ervas calmantes
E “Only time” da Enya - fundo musical...

Agora apenas a luz de velas...
Podemos novamente fazer amor,
Com mais paixão.

As espumas na água formam desenhos;
A luz do ambiente compõe,
De forma majestosa, o cenário.

E as mãos, e as mãos? Outra hora!
E é assim:

Quando tudo acabar poderemos prosear...
Perguntarei o seu nome
E seus gostos e preferências;

Perguntarei se hoje fui o seu homem...
As suas andanças,
Sua profissão e reticências.

E por fim, nos dedos vazios...
Colocaremos novamente as alianças.


Falando de amor:
A dança da chuva funciona
Se todos os dias a dançarem,
Amarro-me ao relento
Com a corda mais sensata que houver...

Deixo-me molhar!
(nó cego, impossível desatar).

Nenhum amor é inútil
Absolutamente o contrário
Achado ou perdido o amor é tesouro,
Extravasa por lendas e mitos
Pois é água-viva no mar morto.

André Anlub®

quarta-feira, 11 de junho de 2014

DIA DOS NAMORADOS

Dia dos Namorados: hoje então
Beijarei com a sanha dos sedentos
Amarei num fervor de ser selvagem,
Gozarei num sentir assim lunático
De o verbo não ter como revelar.

Me darei como nada mais houvera,
Co'a ternura dos entes sacrossantos,
Co'a doçura dos ventos mais suaves
E a ternura dos mais belos madrigais.

Me farei quixotesco, devotado
Como herói que se agarra a causa nobre,
Vou ser canto, poesia, céu, pureza,
Vou viver neste dia só de amor.

Barão da Mata

domingo, 8 de junho de 2014

Crops Celestiais V


Crops Celestiais V

Cristo caminhava calmamente centro cidade Central, capital continente chamado Carnaval, cuja comandante confere com criatura com cabelos curiosos, cujo corpinho circular comporta conjuntinho cor caqui. Cristo cismado com causos corridos continente Carnaval. Cismado com comentários cafajestes com criatura cretina, chamado Contentiano, chefe Catedral Compre Cristo Com Cartão Crédito, cujos cultos conduzidos comprometem com credibilidade cristianismo; correligionário comprometido com coligação cristã; comandante Comissão CDHM. 

Com comentários cínicos, Contentiano certificou cantor Caetano, com cinzentos cabelos crespos, compartilhar círculos com Capeta. Comentou com cizania como criaturas cor cravo canela, com cabelos crespos, com contornos circulares conhecidos como carapinha, consistem criaturas condenadas como Canaã. Contentiano considera criaturas cor cravo canela como causa condições catastróficas. Contudo cristão Contentiano carece condicionar cabelos com carapinha com calor criado com chapinha. Conforme coloca chapinha, criatura consegue crer conter cor caucasiana. Criatura cheia conceitos conformados com crenças cretinas cujo cu caiu com cara chão.

Cristo conversou com consciência, certo carência chamar Contentiano conversar como criaturas comuns, cagar cabeça cretina com cucurutos, cutucar consciência, comandar criatura catar coquinhos chão canteiros colorados cujo calor cruel, companheiro Capeta comanda.

Cristo comandou chofer conduzir carro chegando casa Contentiano. Conforme chegou, Contentiano conversou com cortesia:

"Caro Cristo, continuo como criado cristianismo, como cristão convicto, como criatura com comportamento condizente com Cartas Cristas. Como comemorar comparecimento Cristo casa cidadão comum, comprometido com compartilhamento coisas constante Cartas Cristas? Caro Cristo, Contentiano contente com comparecimento Cristo. 

Cristo comparecerá comigo culto cristão? Conseguiremos centenas colaborações com criaturas crentes. Consideraremos colaborações com cheque, cartão crédito, cofre com chave, capital consolidado, carros, casas, cédulas cambiais, capitalização, crédito consignado, caraca... conseguiremos consolidar cu criatura crente! Carece Cristo comparecer comigo. 

Colocaremos criaturas coloridas cela com cadeado. Contentiano cospe cara criaturas coloridas. Coloridos consistem como criminosos, corruptores círculos consanguíneos. 

Caro Cristo, como criaturas coloridas conseguem contorcer cobras, cacete com cacete, como criaturas com Capeta consumindo cabeça corrupta? Como conseguem colocar cu coçando cu? Como criaturas conseguem colocar chavasca contra chavasca? Concorda, Cristo? Como criaturas conseguem chupar coisas cabeludas? Crimes contra consciência cristã!

Colocar cacete centro cu confere com coisa considerada comum, contudo, contraria criação crianças, contrariando continuidade criaturas. Criaturas carecem considerar colocar cacete centro chavasca. Conforme caldo cair, criará criança cristã. Copiou?

Cristo concorda comer castanhas com champanhe? Colocarei conta custeada com cofres Casa Civil. Comportamento considerado comum com confederados."

Cristo, com cara chão, conversou:

"Caraca, Contentiano, careces conhecer charmosa criatura chamada Capeta, conhecido carinhosamente como Cramulhano. Contentiano com Cramulhano compartilham conceitos comuns."

Cristo chamou Cramulhano celular:

"Caro companheiro, careço comandar criatura Contentiano, cachorro cretino com chapinha, comparecer Casa Capeta, como consta cláusula cinco contrato convênio Casa Celestial com Casa Capeta. Caso caro Cramulhano considerar cabível, cabe cravar chifre centro cu criatura calhorda."

Wasil Sacharuk

mais de Wasil Sacharuk em www.wasilsacharuk.com 

POEMA BANDIDO II

Abaixo as instituições!
Abaixo o sentimento de pátria e viva a nação brotada do amor, união e
[solidariedade entre as criaturas!
Que a família nasça dos laços de afeto a unir as pessoas,
Não mais das convenções e da falsa moral social.



Abaixo a autoridade, fonte purulenta e inesgotável de cinismo e
[torpeza a alimentar a corrupção,
Germe abjeto que infecta o Estado e faz deste Estado um verdadeiro
[ tumor estatal!
Viva Deus sem a hipocrisia sórdida e a falsa bondade dos religiosos!

Que Deus não seja mais instituição, mas crença.
Que a pátria não seja mais pátria, mas nação.
Que nunca mais as convenções e sim a ternura mantenha as pessoas
[sob tetos comuns.



Barão da Mata

terça-feira, 3 de junho de 2014

segunda-feira, 2 de junho de 2014

É você.... só você

Você me fez sentir
o gosto gostoso de um beijo
E me deu o prazer de beijar
ensinou o valor do abraço
E me abraçou com calor
Você deu colorido a minha vida
Me deu o prazer de viver
E na sua ausência aprendi
Que o amor apesar da distancia
não fica menor
Mas é a sua presença que faz
Este amor cada vez maior.

(Leda AO Franco) 02/06/2014

No teatro da vida*

(04/04/13)

Um brinde à paixão aventureira,
Abrindo o melhor champanhe.

Se banhe na fonte da juventude,
Faça dessa quietude a voz guerreira.

Mais ameno, segue firme, segue o tempo
E ao vento dissiparam-se as nuvens.

Bem ao longe, as colinas – ornamentos
E o verde um alento – é perfume.

A natureza é o presente de união
Da unção do momento com o desejo,
Que o beijo assina embaixo – dá o laço;
Encare o passo pois o tempo é contramão.

Amanheceu e a paixão já fez a cama,
Tomou café, leu jornal e foi-se embora;
E em outra hora, de repente, talvez volte;
Pois no agora, fecha a cena – encerra o drama.

André Anlub®

*(poema declamado pelo amigo poeta Fabio Kerouac no 28° Salão Internacional 
do Livro e da Imprensa em Genebra/Suíça - 3/5/14.)

domingo, 1 de junho de 2014

AO MEU PEITO

Grita, alma,
canta alguma coisa;
peito, acorda,
nunca mais tu adormeças,
nunca mais tu permaneças
na preguiça do sossego
d’alma quieta e vazia
das pessoas incolores
que transitam pelas ruas,
que vegetam pela vida.

Peito, balança,
trepida, apaixonado,
rebenta, ebulindo,
com paixões da adolescência,
com loucuras e azáfamas,
com entregas quixotescas.

Peito, arde
com o fogo adolescente
da primeira entre as orgias,
da primeira entre as volúpias.

Alma, canta
a mais serena das cantigas,
mais suave dos amores,
os mais brancos dentre os sonhos,
as mais alvas fantasias.

Coração, acorda,
pulsa feito aos vinte anos,
bate no frenético delírio
dos amantes romanescos.

Corpo, luta
pela mais tola das causas,
mais utópico motivo
e o direito de voar.
Corpo, luta,
pra mostrar que em ti há sangue,
pra mostrar que em ti há vísceras,
pra mostrar que em ti há vida.


Barão da Mata

terça-feira, 27 de maio de 2014

Meu Intento

Meu Intento

Não estou para falar de amor
se ele ainda não dói
nem rói
e nem pede flor

Não há flores na minha poesia
pois as arrancadas são mortas
são decoração de sepultura
e meu poema é heresia

Conheço esse tal de amor
não encontrei deus algum
e amor e deus
até podem ser compatíveis
mas não dependem um do outro
o único ponto em comum
eles não são invencíveis

Não falarei de coisas
que desconheço
pois o meu apreço
é pelo amor que sinto
e não devo a uma criatura
que o senso comum insinua
e minha cabeça não atura

Minha escrita é a riqueza
que colho do meu presente
mesmo que seja inventado
pois poeta mente
mas não se faz ausente
e eu não vivo de passado
nem me dedico à tristeza
só quando fico parado

Grito contra o que abomino
e não suporto determinismo
minha ferramenta é o poema
e meu alvo é o sistema

Sou tipo existencialista
meio insano
meio analista
falso moralista
talvez sartreano
tenho a marca da história
todo gaúcho é artista
e sou pampeano
com muita honra e glória

Sou amigo da filosofia
e esta não é feita de fadas
nem gnomos e crenças
nem de almas penadas
ou universais desavenças

Eu vim aqui escrever poesia
e isso para mim
não é só brincadeira
pois no fim
o que consume energia
é o abre e fecha
da porta da geladeira.

Wasil Sacharuk

BELA, LINDA...

Bela... bela... bonita...
Bonita... linda... linda...
Bela como a noite quieta
A cantar silenciosa
Aos corações enamorados.


Bela... bela... linda...
Loura como o sol dourado
A ornar as praias, praças
E ruas da cidade.


Seus olhos verdes parecem um mar de águas amenas
Repousando na paisagem,
Encontrando o céu claro
Na linha do horizonte.



Barão da Mata

sábado, 24 de maio de 2014

Tafuio

Tafuio

Passei o dia trucorretruco
meio maluco
num completo desluio

desagravei um conluio
almocei qualquer treco
com arroz pescosseco

alvorotei um sucesso
e esqueci o circunflexo
que define o sexo

passei um dia bem louco
num sol bocomoco
cismado e tafuio.

Wasil Sacharuk

www.wasilsacharuk.com

sexta-feira, 23 de maio de 2014

EM TI HABITO...





Mora em ti meu coração,
as mãos quentes
e as partes da minha solidão.
És o abrigo dos meus fantasmas...
O quarto, a sala,
o extenso corredor.
Meus olhos vão pelas tuas janelas...
Meus passos alcançam tuas portas.
Moram em ti as comportas abertas do meu riso,
a vazante dos meus prantos.
Dorme em ti todo meu encanto,
na cama macia do teu peito.
Mora em ti meu corpo,
enroscado no teu,
sob os lençóis do teu íntimo leito.
Em ti descansa meu pensamento.
Em ti esfrego meu perfume,
espalho meus sonhos,
dissolvo meu tormento... meu lume.
Habito em ti a alma,
a lua branca,
o verso,
a cor,
o meu sabor...
E, por habitar em ti,
são meus os teus jardins,
teus lagos, tuas fontes,
tuas cascatas coloridas...
Concha com mil pérolas,
pelos mares perdida.
Habito em ti o mais profundo som da minha voz,
os meu olhos cheios de lembranças.
Em ti a fuga...
A procura...
A loucura...
Tua morada,
casinha branca, docemente caiada.
És tu, o homem que me acolhe,
fazendo-me renascer como rosa azul.
Em ti habito 
aquilo que em mim parece perdido
do Norte ao Sul.


Malu Silva


quinta-feira, 22 de maio de 2014

                                               


                                                 Tudo esta passando menos a saudade que ficou
                                                 


                                                  ( Leda AO Franco) 22/05/2014

segunda-feira, 19 de maio de 2014

MEUS ÍDOLOS


Não, os meus ídolos jamais foram deuses:
Nunca passaram de meros seres humanos
Com todas as fragilidades e seguranças,
Maldades, bondades, torpezas, nobrezas,
Tudo aquilo que é próprio dos homens.


Nunca foram nada, nada mais do que gente
E por terem, em sua arte, com muita arte,
Aludido às coisas de gente, manifestado coisas de gente,
Sempre foram em sua pequenez extremamente elevados.
E, ainda, porque sempre me fascinaram
Com sua obra divina, miraculosa e alta,
É que, reles, mostraram-se deuses mais deuses
Que a minha parca noção de deuses pode conceber.



Barão da Mata






sábado, 17 de maio de 2014

Água Que Guia uma Águia


Água Que Guia uma Águia
(27/9/10)

Vejo rebento rapina,
Que em ondas e ventos chegou;
Fez do mais velho, menino,
E a discórdia enterrou.

Nasceu do amor impregnado,
Uma busca que nunca teve fim;
Chuva e semente, cultivado,
Verde, forte, capim.

Cresce e se alastra com brilho,
Bate suas asas de Pégaso;
Voa por entre palácios,
Desperta nas nuvens seu filho.

Aurora de paz, sentinela,
Seus olhos fitam o amor;
Orquestra um grito de guerra
Na companhia de um condor.

Vejo de baixo incrível beleza,
Derramo sem piedade meu pranto...
Sem jeito, mas com sutileza,
Viro, caminho e canto.


André Anlub®

Classes



Classes


Cansei do adjetivo perdido
verbo de ação não me deixa animada,
necessito de posição
seja ela em próclise ou ênclise, ou nada
das confusões só quero a benção da distância,
e a paz na caminhada

Cansei dos pronomes pessoais
retos, oblíquos, de tratamento
eu, tu, ele, nós, elas, ai,
cansei de tanto tormento

Cansei dos possessivos
minha, tua, nossa etc
cansei dos tantos vícios
e vi na janela aberta
tela descoberta, uma amostra
espelho da covardia...

todavia senti falta
dos substantivos concretos
também de alguns nexos
ah, fixação pelos objetos diretos
esquecida dos complementos
eu ainda fiquei

foram tantas as preposições
que passei a querer o que me consumia
e me fiz arremedo sem segredo
orações subordinadas e ainda partidas
um caos na sintaxe da vida... é, eu tive medo

hoje sou frase em ordem direta
emoção calada profundamente, diversa
coordeno intenções como quem
apenas escreve num diário
e tenho a ousadia,
pela menos uma vez por dia
de tentar escrever poesia.


Dhenova

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Conversão

CONVERSÃO

 O hall de entrada do apartamento tem a luz acesa. No chão, o carpete, antes cinza, mostra manchas redondas mais escuras, quase pretas. O mofo nas paredes forma figuras abstratas e caminhos sinuosos. Não há móveis no hall de entrada do apartamento.
 Na primeira porta à direita do hall de entrada do apartamento está a cozinha. A parede da esquerda mostra a marca deixada por uma geladeira e um armário e, em frente, a de uma mesa com um fogão de duas bocas. O cheiro de gordura ainda pode ser percebido. Não há móveis na cozinha do apartamento.
 Na segunda porta à direita do hall de entrada do apartamento está um dos quartos. Nesse quarto não existem marcas nas paredes, apenas o cheiro do talco para bebê ainda permanece. Não existem móveis nesse quarto.
 Após a primeira e a segunda porta aparece a sala, toda distribuída à direita. Na parede que segue o corredor há marcas de três quadros retangulares. Na parede em frente, abaixo da janela de madeira, manchas de pó no branco amarelado mostram onde estava o sofá e as duas poltronas. Não há móveis na sala do apartamento.
 Seguindo o hall de entrada do apartamento, na porta à esquerda, está o banheiro. Um sabonete e um xampu, já abertos, estão no chão. Uma barra de metal apara os puxadores de plástico. O vaso sanitário está com a tampa levantada. Não há espelho no banheiro do apartamento.
 Na última porta do hall do apartamento está o segundo quarto. Nele, uma cama de solteiro, coberta apenas com um lençol, exibe um travesseiro sem fronha. No lado direito da cama, duas caixas de papelão estão fechadas. No lado esquerdo, em cima do criado-mudo, um pente e a fotografia de um bebê, vestido de rosa, estão colocados lado a lado. Não há mais móveis no segundo quarto da última porta do hall do apartamento.

Dhenova

Ponte para o retiro´

Ponte para o retiro´

Quero cruzar pela ponte
que interliga horizontes
que leva ao céu tal escada
e se enrosca na crosta do mundo
lá no fim disso tudo

e lá encontro o início do nada

Quero andar acima das estradas
dos asfaltos, vielas e trilhos
verei sedentários e andarilhos
dormindo nos cantos das ruas
estarei muito próximo à lua

com a mente resignada

Quero uma alma elevadiça
que tenha visão privilegiada
enxergar de longe a injustiça
as mentiras e a cobiça
e a dignidade ultrajada

decerto eu já vi isso antes

Quero montar elefantes
não deixar as minhas pegadas
gravadas pelos caminhos
para evitar as emboscadas
dos espíritos dissonantes

e trilhar o universo sozinho.

Wasil Sacharuk