domingo, 11 de maio de 2014

Sabedoria de Mãe

Uma certa nostalgia me impele,
subo até a varanda, o meu mirante,
a lua quarto-crescendo a terra ilumina...
De repente, por pura magia, tudo para
e uma lembrança se insinua na mente...



Minha sina estava sendo testada;
nunca imaginara nada igual: que saudade
inundaria desse jeito a minha alma!
Num filme, as cenas da minha infância
eu vi, uma a uma, em minha tela mental...

Busquei naquele céu todos os indícios:
a tarde calma se quedava de cansaço
e o azul foi se transformando em breu.
Vi-me no colo dela, na escada da sala,
era um presente que não tive, um afago.

Tremi, perdi a fala e senti-me redimido:
toda carência e sufoco acumulados
por tantos anos, daquele tempo até aqui!
Um espaço oco se abriu dentro de mim
e um certo alívio seguiu-se àquele susto.

Quanta coisa aprendi com com ela!
A sabedoria vinha em lições diárias:
"depois do inverno vem a primavera;
tudo passa e o tempo-rei é eterno,
a dor é passageira, a cura sempre vem!

Faça sempre o bem, sem ter vacilo;
tudo tem um custo, nada é de graça;
além dos palpites, os anjos dizem amém!
Esteja sempre disponível, doe seu tempo
que o vento sempre traz a recompensa...

Todo valor é medido em intensidade:
busque uma vida livre, alegre e imensa!
O porvir é dom e propriedade do Alto:
o incauto adia tudo e chora arrependido...
Viva o agora, olhe pra cima, agradeça!.."

Porém, uma dúvida rondou-me a seguir:
O que era tudo aquilo? Quem era eu?
De onde vim, o meu motivo qual era?
De que vale o estilo, a busca da beleza,
se esta rima não servirem de lenitivo?

(......)

Pra que tanto verso, tanta pantomima pra que?
Minha mãe, estou tão perdido na incerteza:
será que os meus versos chegarão até você?!...

Autor: Expedito Gonçalves Dias (Profex)
Escrito em 09/05/2013, em Varginha-MG, às 18:42 h
originalmente em www.blogdoprofex.com

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