quinta-feira, 8 de maio de 2014

UM DIA EM BRANCO...


Vento
Que me pede alento
Entre as tempestivas ondas
Seca-me o pranto
Enxuga as minhas roupas dos varais
Leva para os campos
As sementes de girassóis

Vento
Que me roubas a dor
O sabor da baunilha
Do amor a partilha

Vento
Que iça as velas
Bate os sinos das capelas
Filho doce das ventanias
Que me toma do peito
As insensatas vilanias
Que marcam meus dias
Quando não me toca o rosto
Quando sou puro desgosto
A esperar que me liberte do mal

Vento
Que assovia em dueto com os passarinhos
Que derruba e varre as folhas dos outonos dos ninhos

Vento
Colorido
Festivo
Deixa-me no abandono
Deixa-me solta
A completar a seara

Vento
Amigo
Ouça meu coração
Ele é grande e não tem fronteiras

Vento
Forte
Cura-me os machucados
As nuvens negras
Viajantes dos céus nublados
Seja lenitivo
À minha paz por instantes

Vento
Uivante

Vento
De sussurros
Diga aos meus ouvidos
Somente palavras de amor
Somente o nome da flor
Que poderá guiar meus passos

Vento
Devasso
Companheiro dos trovões
Abra as cortinas das minhas janelas
Tire da casa as poeiras velhas
Escancare os portais dos meus sonhos
Torna frio os olhos
Compassiva a mente

Vento
Transparente
Entre desapercebido
Pois nada desejo para agora
Apenas si
Oh! Vento
A transformar-me folhas em branco
Onde possa escrever uma história
Novamente

Malu Silva


Um comentário:

  1. Muito belo esse teu poema, Malu, onde destaco a terceira e quarta estrofes. Tem uma sonoridade suave e tocante.

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