Perdoe-me versejar
assim plangentemente,
perdoe-me poetar
tão lastimosamente...
Mas que posso fazer, se a música cessou
e a bailarina já se sentou
exaurida e desolada
a um canto do teatro
silente e já vazio?
Perdoe-me cantar
de modo tão sentido!
Pedoe-me recitar
assim tão tristemente!
Mas que posso fazer, se anoiteceu
profundamente,
se a última mulher
se despediu,
deixando a noite co'esse gosto
de solidão?
Que posso fazer, se nenhum riso
ou burburinho,
se nenhum canto,
se nenhum passo
na noite escura
se fez ouvir?
Que posso fazer, se o cais, sem vida,
não tem a lua
a pratear,
não tem estrelas
a cintilar
e nenhum barco
a balançar?
Bar/ao da Mata
Já que somos poetas marginais por não termos ainda projeção, resolvemos então sê-los totalmente, no poema, conto, crônica e todo o mais. Ah, marginalidade inglória! Por que nos marcais tão cruelmente? Ai, caramba, que dramático! Quem vier, verá que não merecemos esta pecha que nos dão(emos). Nós brilhamos e talento não nos falta. Estamos à margem da Literatura e a ela integrados por inteiro. Já que nos faltam os mecenas, que hoje só promovem o ridículo, vamos à luta com nosso talento!
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