E aquela oração que se ouvia
Fez que nascesse a esperança
No peito daquela gente
Que muito orava e pedia
E de inda mais carecia,
Mas não sabia do rumo,
Da direção a seguir.
E aquelas palavras de alento
Faziam brilhar os olhos
Daquele povo que achava
Viria um dia a justiça
- Depois da morte ou na vida -
E tudo deixava por conta
Da providência divina.
E aquelas histórias da Bíblia
Enchiam de luz os rostos
Daquelas pessoas sem norte
Que achavam que toda mazela
Era destino traçado
Pelo Senhor, que escrevia
Correto por linhas tortas.
E aquela massa cantava,
Rezava rosários e terços,
Ao fim da missa partia
Segura do próprio triunfo,
Das suas futuras conquistas,
De ter-se valido dos meios
Mais certos pra sua luta,
De ter cumprido o dever.
Barão da Mata
Já que somos poetas marginais por não termos ainda projeção, resolvemos então sê-los totalmente, no poema, conto, crônica e todo o mais. Ah, marginalidade inglória! Por que nos marcais tão cruelmente? Ai, caramba, que dramático! Quem vier, verá que não merecemos esta pecha que nos dão(emos). Nós brilhamos e talento não nos falta. Estamos à margem da Literatura e a ela integrados por inteiro. Já que nos faltam os mecenas, que hoje só promovem o ridículo, vamos à luta com nosso talento!
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